quinta-feira, 16 de julho de 2009

Educação emocional

Todos os dias nos deparamos com situações emocionais. Seja no trânsito, no trabalho, na vizinhança, alguma injustiça cometida entre outras. Mas nem sempre percebemos tais sentimentos. Às vezes, simplesmente deixamos de lado. Outras explodimos com alguém (até mesmo sem ter nada a ver com o ocorrido) e depois nos arrependemos.
Alguns autores já trabalham com pesquisas e já produziram um bom trabalho sobre esse tema tão importante. Claude Steiner e Daniel Goleman já perceberam o quanto a inteligência emocional se torna necessária nas relações. Ambos demonstram em seus livros o que devemos fazer para aprender a administrar e controlar nossas emoções, para assim, estabelecermos relacionamentos verdadeiros e afetuosos.
A Inteligência Emocional está relacionada a habilidades tais como motivar a si mesmo e persistir mediante frustrações. A minha preocupação maior com a educação emocional é a sua formação na infância. Quando as crianças não desenvolvem na infância estas habilidades e competências sócio-emocionais, podem tornar-se adultos insensíveis e indiferentes à dor e ao sofrimento alheios, inclusive quando estes são causados por si mesmo. Por isso, a educação emocional e a educação de valores são importantes, desde a infância, para promover o desenvolvimento de uma personalidade socialmente equilibrada.
Hoje em dia sabemos que, desde pequenas, as crianças são capazes de sentir todas as emoções de um adulto, só que ainda não sabem como percebê-las, rotulá-las, compreendê-las, nem regulá-las. Tudo isto precisa de ser aprendido. A educação emocional é algo que tem que ser aprendido, não é uma questão que já vem dentro do ser-humano.Ser inteligente, na sociedade ocidental, desde então, passou a ser considerada uma propriedade da razão, como, por exemplo, distinguir-se no domínio das línguas clássicas, do raciocínio matemático, das ciências ou da filosofia. A partir das contribuições de Alfred Binet, já no século passado, iniciou-se um intenso esforço para medir esta suposta faculdade unidimensional, através da pontuação obtida em testes de capacidade cognitiva, como os de QI.Ora, para poder aprender a regular as suas próprias emoções é necessário, antes, que a criança aprenda os passos precursores essenciais de perceber, identificar, rotular e compreender os seus eventos emocionais.
Essa capacidade de perceber é inata, mas precisa ser amadurecida. As de identificar, rotular e compreender, ao contrário, são organizadas, pouco a pouco, na interacção social. Não sendo, portanto, naturais. Muitas vezes demorada.
O que permite o desenvolvimento de uma consciência emocional é o exercício continuado das emoções vividas. É fundamental ser capaz de identificar as próprias emoções para entendê-las e para, só depois, conseguir entender as dos outros.
Só quando se consegue avaliar com exactidão o que os outros sentem é que se pode reagir de forma solidária. Daí se conclui, portanto, que não se pode pretender ensinar solidariedade, sem antes educar emocionalmente.
Da mesma forma que valores e atitudes são aprendidos em situações concretas, e não teoricamente, também assim é com a regulação eficaz das próprias emoções. Grande parte desta aprendizagem ocorre conscientemente, ou inconscientemente, por imitação dos adultos.
Um problema sério, já que a expressão da raiva é, muitas vezes, a única modalidade de emoção que as crianças vêem os adultos à sua volta expressar. Pior ainda é quando esta é expressa em conflitos irrefletidos e, por vezes, até violentos.
Ainda para piorar a situação, a mídia, através de novelas principalmente, desenvolve uma cultura de que o vilão e os erros são naturais.
Reações emocionais inteligentes precisam de ser aprendidas com o auxílio de outros e pela prática e exercício continuados, não somente por preceito e instrução verbal.
As crianças precisam de modelos, exemplos e de intervenções pedagógicas para aprenderem a lidar com suas próprias emoções.
Isto deve ser feito não só em casa, como também na escola. Como educadores, devemos estar atentos às situações que favorecem esta aprendizagem. E assim, a cada dia, educarmos nossas crianças.
Texto por Roberta Simões

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