sábado, 11 de julho de 2009

Aprovação e formação pressionada

O objetivo inicial da alfabetização é que a criança aprenda a ler, escrever e saber usar as quatro operações matemáticas. A alfabetização, na verdade, começa dentro do próprio ambiente familiar, onde há, ou pelo menos, deve haver o diálogo, contar histórias e a presença de uma musicalização. Isso tudo faz parte da formação cognitiva da pessoa.
A oralidade, a fala, é a segunda fase de comunicação (A primeira é através dos gestos, olhares e choros dos bebês). No entanto, a fase mais preocupante é a da escrita. Muitas pessoas sabem falar bem, se comunicam mesmo através de variações linguísticas.
Como professora de Língua Portuguesa é triste verificar a grande quantidade de erros na ortografia que encontramos nas produções de texto. Muitas vezes temos que “traduzir”, ou até mesmo interpretar o que o aluno quis dizer. Deparamos então, com textos totalmente sem coesão e coerência. Não há uma sequência dos fatos, ficando muitas vezes sem lógica.
Todavia, em outra situação, os governantes parecem demonstrar um descaso com a educação, menosprezando a sua importância, fazendo parecer que não é levada a sério, ou seja, o aluno permanece durante os quatro bimestres estudando, aprendendo, trocando experiências e informações. Mas mesmo assim, aqueles que não tiveram interesse, fazem a prova conhecida como NOA (Nova oportunidade de avaliação).
Como se não bastasse, as várias recuperações, oportunidades e chances que as escolas permitem aos alunos durante o período do ano letivo, o sistema educacional propõe a NOA ou AEA (avaliação de estudos autônomos) onde a pontuação é zerada, e a prova valerá cem pontos.
Aí podemos perceber o descaso, pois em apenas um dia, aquele aluno que não produziu durante o ano todo, durante os duzentos dias letivos, pode simplesmente “passar” de ano. Mais uma vez percebemos que a quantidade se torna mais frequente e mais importante do que a qualidade.
É comum professores desabafarem se sentindo pressionados para passar os alunos, e com isso a tendência é vermos um péssimo aprendizado. Estamos formando analfabetos funcionais, isto é, formando pessoas que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças e textos curtos, além dos números, não desenvolve a habilidade de interpretação de texto e de fazer as operações matemáticas.
O que o sistema educacional quer é que o aluno passe de ano, mesmo que não tenha aprendido nada. A educação se torna desacreditada. Lembro-me de quando uma aluna me perguntou se eu não trabalhava e só dava aula. Fiquei sem reação no momento, mas percebi que através da postura do sistema, é assim que muitos alunos veem o professor. Muitos pais também transferem a responsabilidade para a escola. A escola tradicional, com o seu real sentido, está perdendo o seu objetivo. Até mesmo o ensino superior está sendo atingido, uma vez que aulas presenciais não são importantes o que acontece em muitos cursos à distância. Alguns estudantes preferem um curso rápido e que não tenha compromisso com horários.
Não dando o real valor que esses profissionais merecem, que a educação deveria ter, os cidadãos estarão sendo formados através de uma robotização, apenas para sobrevivência. O aspecto intelectual fica em segundo plano.
Texto por Roberta Simões

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