sábado, 18 de julho de 2009

Pedagogia do medo

Em tempos de impedir a reprovação em grande número, diversas escolas utilizam o sitema de avaliações após o ano, com a intenção de dar uma nova chance ao aluno.
Sendo assim vem à tona a discussão sobre é possível aprovar quem não aprendeu? Ou então é certo aprovar quem não aprendeu?
Trata-se de um tema difícil, pois não podemos afirmar o que tal decisão irá fazer com o aluno. Pode ser que uma vez reprovado, possa melhorar o seu desempenho no próximo ano, ou desestimular, podendo ser a mesma inércia do ano anterior.
Mas a questão maior está no fato do aluno não estudar durante todo o ano e no final ter essas chances, é uma falta de respeito ao profissional que se dedicou durante o mesmo período, um desrespeito aos colegas que estudaram e fizeram tudo conforme as regras.
É claro, que tem aqueles alunos que realmente possuem suas dificuldades de aprendizagem, mas isso deveria ter sido mais trabalhado desde o início de sua formação escolar, e não deixar para que o próximo professor "resolvesse" a situação.
O economista Cláudio de Moura Castro escreveu sobre isso na revista Veja de 17/12/2008 (página24), ele comenta "O medo da repetência leva o aluno de classe média a estudar, para evitar os castigos. Nas famílias mais modestas não há medo nem pressão para que os filhos estudem... Famílias de classe baixa são fatalistas, assistem passivamente à reprovação dos seus filhos. Se não aprendem a lição é porque 'sua cabeça não dá'. Na classe média, se levar bomba, há um sermão além de restrições ao que o aluno goste. Reina a 'pedagogia do medo da bomba'".
Várias vezes venho falado e escrito sobre o assunto da melhoria da educação, tenho visto e lido também várias sugestões para que se resolvam grande parte dos problemas, mas acredito que tudo deve partir da melhoria da qualidade da educação.
Seja por parte do corpo docente, seja por parte dos políticos. A remuneração deve ser equivalente ao valor do profissional, e os profissionais devem ter real compromisso.
Um erro que considero gritante é que até há um pequeno tempo atrás, o ensino infantill era prestado por pessoas sem faculdaed, que tivessem apenas o curso de magistério. Onde já se viu, colocar para ensinar a base essencial para as crianças, pessoas que não possuíam um estudo completo?
Por isso, hoje colhemos seus frutos amargos. Existe a pedagogia do medo: medo de reprovar, medo de perder alguma coisa que goste, medo de se tornal banal a educação e o papel do professor. Medo de ensinar o correto e perder o espaço para os que aceitam o sistema de índice de reprovação zero. Medo de opinar, medo de agir, enfim, quando se "passa" ou "ajuda a passar" alunos que não estão preparados, estaremos criando uma sociedade com medo de aprender, medo de se tornar alguém melhor, de ajudar o cidadão a crescer e não de se formar um ser covarde em relação ao crescimento intelectual.
Por Roberta Simões

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